terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Com 25 milhões de obesos, o Brasil está cada vez mais acima do peso


Desconhecimento sobre gravidade do problema ainda é um dos principais desafios apontados por uma pesquisa nacional
O brasileiro está cada vez mais pesado. Uma pesquisa nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, patrocinada pela Covidien, aponta que o número de obesos mórbidos praticamente dobrou em sete anos no país, saindo de 3,5 milhões, em 2007, para 6,8 milhões, em 2014. No ano passado, o Brasil tinha quase 25 milhões de obesos, o que representa 18,5% da população. Embora a faixa de sobrepeso tenha apresentado queda de 51% para 40% nos últimos anos, os pesquisadores afirmam que esses indivíduos migraram para as faixas de obesidade, não de normalidade de peso.
Os índices são alarmantes, segundo o coordenador da pesquisa, Luiz Vicente Berti, uma vez que o excesso de peso é um fator de risco para problemas circulatórios, ortopédicos e sociais. “A obesidade é a doença de maior impacto socioeconômico no mundo. E a tendência é piorar, porque não estamos tratando o tema com a devida importância”, ressalta Berti, que é presidente do conselho fiscal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Segundo Berti, cerca de 60 mil cirurgias bariátricas são feitas por ano no Brasil, mais de 70% delas são pagas por convênios. “Só em São Paulo, 70% das pessoas dependem do SUS. No Nordeste, 90%. O SUS faz 9 mil cirurgias por ano. Vamos ficar anos com essas pessoas na fila”, contabiliza.
Além da fila de espera por cirurgias, o crescimento da obesidade traz um série de problemas como diabetes, pressão alta, que pode levar a enfartes, derrames e insuficiência renal, que aumenta a necessidade de diálise. “Sem falar nas próteses necessárias em casos de desgaste das articulações. Cada junção de um osso com outro, perna com pé, coxa com perna, vai sendo forçada com o excesso de peso e acaba se rompendo.”
Novo público
A obesidade atinge cada vez as camadas menos favorecidas economicamente. O estudo aponta que o acesso ao mercado de consumo contribuiu para o ganho de peso de maneira significativa na classe C. Já nas classes A e B, os índices de obesidade caíram. “Não adianta dar um pouco de dinheiro, a informação é muito importante. Não há acesso a saúde, os alimentos não são tão saudáveis e os hábitos de vida estão mais sedentários”, argumenta Berti.
Se de um lado o aumento do poder aquisitivo do brasileiro permite a aquisição de quase todo tipo de guloseimas nas gôndolas, de outro, hábitos de vida saudável ainda são pouco acessados pelas classes C, D e E. A pesquisa aponta que, enquanto 49% da classe A declara levar uma vida saudável, esse número cai progressivamente, chegando a 33% na classe E. Os índices de hábitos saudáveis são maiores entre indivíduos com peso normal e abaixo do peso (60%), no Sudoeste (50%) e entre homens (47%). Apenas 16% dos obesos mórbidos dizem praticar uma vida saudável. E 45% dizem que levam uma vida pouco saudável.
Sem cura, doença precisa ser prevenida
A diretora médica da Covidien, Carla Peron, conta que 1,2 mil brasileiros de todas as regiões foram entrevistados para a pesquisa.
Para ela, os dados mostram a necessidade de admitir que a obesidade é uma doença, não um estilo de vida escolhido pela pessoa. “A pessoa não é gordinha porque quer, porque come muito. É preciso de ajuda médica. Na contramão do que vemos hoje, é preciso dar mais acesso a um estilo de vida saudável.”
O médico Luiz Vicente Berti reforça que todos carregam o gene da obesidade, ou seja, engordar é uma questão de tempo. “Existem os sortudos, que comem de tudo e são magros, porque esse gene não funciona. Mas vemos uma progressão assustadora do sobrepeso para a obesidade. Atualmente, 60%, 70% dos leitos de hospitais são ocupados por doenças que poderiam ser evitadas.”
Para prevenir um colapso na saúde brasileira, Berti defende a necessidade de mudar os hábitos de vida, principalmente dentro de casa. Por exemplo: encher a geladeira de coisas não saudáveis e exigir que as crianças comam bem, não funciona. “A atividade física também é fundamental para queimar energia. Aos governos, cabe dar segurança para que eu leve meu filho ao parque, promover programas de boa alimentação e garantir informação.”
Além de campanhas de esclarecimento sobre graus de obesidade e seus riscos, diz Berti, também é importante garantir acesso a atendimento médico de qualidade. “Mais de 14% dos entrevistados já sofreram preconceito médico e 25%, na família. A academia também é um ambiente hostil ao obeso. O foco precisa ser a prevenção, porque obesidade não tem cura, tem tratamento”, afirma.

PerigoO que é obesidade mórbida
Um dos problemas destacados pela pesquisa é o desconhecimento sobre a obesidade e os seus graus. “Mais de 50% não sabiam o que era obesidade mórbida, diziam ‘sou só gordinho’, porque ainda tinha aquela visão de obesidade mórbida como o cidadão que os bombeiros precisam tirar de casa. As pessoas não sabem a gravidade do problema”, explica o coordenador do estudo, Luiz Vicente Berti.
Na pesquisa, o conceito de obesidade mórbida adotado é aquele em que o excesso de peso causa efeitos negativos para a saúde, como diabetes, pressão alta, derrames, artrites, varizes, infertilidade, além de problemas de ordem social, as “doenças da alma”. O índice de massa corpórea (IMC = peso [em quilos] ÷ altura² [em metros]) é um indicativo de obesidade – não o único, uma vez que não mede os graus.
O IMC mede a superfície corporal, explica Luiz Vicente Berti. Teoricamente, até 25, aponta peso normal, entre 25 e 30, sobrepeso, entre 30 e 35, obesidade grau 1, entre 35 e 40, grau 2, e acima de 40, obesidade mórbida clássica. “Mas teoricamente, porque um oriental com IMC 35 é mais grave que um americano com IMC 40. Então, ele não é balizador de gravidade da obesidade. Ele aponta, para a fonte pagadora, quem pode ou não operar.”


O quê você precisa saber sobre estresse e diabetes

O estresse é uma reação do seu corpo quando ele sente como se estivesse sob um ataque. Os desencadeantes do estresse podem ser físicos (lesões ou doenças) ou mentais (problemas no casamento, no trabalho, financeiros).
Quando o estresse aparece, seu corpo se prepara para atacar-ou-correr. Esta reação desencadeia a liberação de níveis elevados de diversos hormônios que servem para mobilizar uma grande quantidade de energia que está estocada na forma de açúcar e gordura e devem ir até as células para que o corpo reaja ao perigo. Porém, em diabéticos esta resposta “atacar-ou-correr” não funciona bem, pois a insulina não consegue levar esta energia extra para dentro das células. E a glicose sobe no sangue.
Desta forma, os hormônios de estresse podem alterar diretamente sua glicemia, impedindo seu corpo de produzir insulina ou mesmo utilizá-la adequadamente.
Em pessoas com diabetes, o estresse pode afetar a glicemia de duas formas:
1. Pessoas estressadas não conseguem se cuidar adequadamente. Podem abusar de álcool ou fazer menos exercício. Podem se esquecer de medir sua glicemia, não conseguir ajustar seu tempo para realizar atividade física ou comer adequadamente.
2. Os hormônios de estresse podem alterar a glicemia diretamente: o estresse mental em DM1 pode se elevar ou diminuir muito a glicemia; em DM2 o estresse tende apenas a elevar a glicemia. Sob estresse físico, como cirurgias ou doenças, a glicemia tende a subir tanto em DM1 quanto DM2.
O estresse pode aparecer ao receber o diagnóstico de diabetes, como uma reação ao receber este diagnóstico.
Observe se você esta desenvolvendo estresse, preste atenção nestes indicadores de estresse:
1. Aumento da freqüência cardíaca sem outra causa aparente
2. Aumento da pressão arterial ou descontrole da mesma
3. Aumento da tensão muscular (dor muscular)
4. Elevação ou queda da glicemia sem outra causa aparente
O quê podemos fazer para combater o estresse secundário a um diagnóstico de diabetes:
1. Listar as situações que estão fora do seu controle. Não há cura para o diabetes, ainda. O diagnóstico foi feito e não muda.
2. Aceite seu diagnóstico, suas sensações e frustrações ao ter o diabetes. Se estiver muito difícil, procure aconselhamento psicológico ou um grupo de diabéticos para suporte.
3. Reconheça o quê você pode controlar!: você tem total domínio sobre sua glicemia. Enfrente o desafio, aderindo a uma vida saudável, com alimentação adequada, contagem de carboidratos, exercício físico e tomando sua medicação e insulina corretamente.
4. É interessante notar que o estresse desencadeado por diabetes pode muita vezes ser confundido com depressão. Mas diferentemente desta, o uso de antidepressivo não melhora o quadro. O que melhora o estresse relacionado a diabetes é aceitação da situação e atividade física. Logicamente existe a possibilidade haver uma depressão junto. Se você achar que está deprimido, converse com seu endocrinologista para que ele possa te ajudar. Neste caso há indicação de uso de antidepressivos.
O quê podemos fazer para combater o estresse Mental:
1. Primeiramente cheque se sua alteração glicêmica é secundária ao estresse. Isso é fácil. Basta anotar uma escala de ) a 10 o grau do seu estresse logo antes da fazer a dextro (ponta-de–dedo). Faça isso por uns 10 dias e veja se há correlação entre seu nível de glicose com o nível de estresse.
2. Faça mudanças em sua vida: se seu trabalho te estressa, peça transferência; se o transito te estressa, mude de rota; se você está brigando com alguém querido, faça o primeiro movimento para se acertar com esta pessoa. Resolva!
3. Outras formas de diminuir o estresse são: atividade física contínua; aulas de dança, arrumar um hobby, participar de atividades voluntárias.
4. Converse ou observe como outras pessoas lidam com estresse e veja se a solução delas serve para você.
5. Aprenda a relaxar: faça ioga, meditação. Estas atividades diminuem os hormônios relacionados ao estresse que podem alterar sua glicemia.
Um exercício simples é o da respiração: sente-se ou deita-se com braços e pernas descruzados. Respire bem fundo. Solte o máximo de ar que puder. Tente relaxar seus músculos ao soltar o ar. Repita por 5 a 20 minutos pelo menos uma vez ao dia.
6. Faça exercícios físicos.
7. Substitua pensamentos ruins por bons. Toda vez que vier um pensamento ruim, esforce-se para pensar em algo que te faça bem. Pode ser uma memória, uma prece ou mesmo uma imagem de um lugar que te traga paz.
8. Qualquer que seja o método que você escolha para relaxar pratique. Quanto mais vezes você fizer, mas rápido atingirá o nível de relaxamento.
O quê podemos fazer para combater o estresse Físico:
Algumas fontes de estresse nunca vão embora, não importa o que você faça. O fato de você ter diabetes é um deles. Ainda assim há meios de diminuir o estresse de ter que conviver com o diabetes.
1. Busque grupos de diabéticos. Há Associações de Diabéticos ou grupos na internet como Bate-Papo Diabetes no Facebook. Conhecendo pessoas com a mesma situação que você te ajudarão a se sentir menos só. Da mesma forma, conhecer como outras pessoas lidam com a diabetes pode te ajudar.
2. Pensem nos aspectos do dia-a-dia do diabetes que te estressam mais, como por exemplo, ter disciplina no horário da medicação, ter que fazer atividade física ou checar sua glicemia. Se você tiver dificuldade num destes temas, converse com alguém do seu grupo para orientação.
3. Se o peso de ter diabetes for muito para você , considere procurar ajuda profissional como psicoterapia direcionada a este tópico.
A decisão de se cuidar requer comprometimento, mas em troca você terá uma vida saudável e feliz.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Baixos níveis séricos de vitamina D podem ser preditores de complicações do diabetes tipo 2 (DM2)

Pessoas com diabetes frequentemente desenvolvem doença vascular. O presente estudo investigou a correlação entre níveis séricos de vitamina D e risco cardiovascular (incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral), bem como em relação às complicações microvasculares (incluindo retinopatia, nefropatia, neuropatia e amputação).
Nada menos que 50% dos pacientes de um estudo observacional com 5 anos de duração apresentava baixas concentrações séricas de vitamina D, conforme indicado por uma concentração mediana dessa vitamina, da ordem de 49 nmol/L. Esses pacientes com concentrações inferiores a 50 nmol/L apresentaram uma incidência cumulativa mais alta de eventos macrovasculares e microvasculares, em comparação com aqueles pacientes com níveis séricos acima de 50 nmol/L. Uma análise multivariada estratificada por tratamento e ajustada para interferentes relevantes identificou a concentração sérica de vitamina D como um preditor independente de eventos macrovasculares. Níveis abaixo de 50 nmol/L promoveram um aumento significativo de 23% no risco de complicações macrovasculares. Da mesma forma, o risco de complicações microvasculares também foi 18% maior nessa população de maior risco.
Os autores concluíram que baixas concentrações de vitamina D estão associadas a um risco aumentado de eventos micro e macrovasculares em pacientes com DM2, porém, a relação causal ainda não foi precisamente estabelecida.