Estamos quase na Páscoa e os
supermercados já estão com seus “túneis” de ovos de chocolate montados, o que
chama a atenção e aumenta a vontade de degustar essa guloseima. Mas e o
paciente que convive com diabetes mellitus? Também pode se deliciar com chocolate?
Não só pode, como deve! Mas alguns cuidados devem ser tomados. Vejamos...
No ano de 2012, a revista médica mais
importante do mundo, New England Journal of Medicine, publicou um estudo muito
interessante. Pesquisadores demonstraram que os países onde mais pessoas
consumiam chocolate, ganhavam mais prêmios Nobel (!!!). Seria uma evidência
epidemiológica de que o consumo regular de chocolate melhorava as capacidades
cognitivas de quem o saboreava? Possivelmente. O chocolate é feito de cacau,
planta que como o chá-verde é rica em flavonoides. Estes compostos fenólicos
são potentes antioxidantes e anti-inflamatórios naturais. Estas substâncias
quando consumidas regularmente têm o potencial de trazer uma série de
benefícios ao cérebro, coração, vasos e metabolismo.
Além da melhora da função cognitiva,
alguns estudos sugerem que o consumo de chocolate possa ajudar a combater
sintomas depressivos através da modulação da dopamina e dos opioides no
cérebro. Além disso, dois estudos suecos mostraram que aumentar o consumo de
chocolate amargo em pelo menos 50 gramas por semana foi capaz de reduzir o
risco de isquemias e hemorragias cerebrais em até 27 por cento! Vale lembrar
que pacientes diabéticos apresentam risco maior para estas doenças.
Os suecos realmente gostam de estudar
os benefícios do chocolate! Outra análise mostrou que o consumo de apenas 28
gramas de chocolate amargo uma ou 2 vezes por semana se associou a um risco 32
por cento menor de insuficiência cardíaca. Estudos posteriores evidenciaram
melhora na função do endotélio (camada interna dos vasos) e da função das
plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue). Ou seja, o chocolate também
tem potencial de reduzir infartos e mortalidade por doença coronariana. E as
doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em pacientes com
diabetes mellitus...
Uma extensa revisão da literatura
publicada na prestigiada Cochrane Database of Systemic Reviews mostrou que o
consumo de chocolate ajuda a reduzir a pressão arterial. O efeito é devido a
liberação de óxido nítrico, um potente vasodilatador, pelo endotélio. Além
disso, os chocolates com mais de 60% de cacau, apesar de possuírem gorduras
saturadas, são capazes de reduzir os níveis de colesterol LDL (ruim) e aumentar
os níveis de HDL (colesterol bom). Algo impressionante: um estudo publicado em
2012 na revista médica Archives of Internal Medicine associou um maior consumo
de chocolate a um menor índice de massa corporal (IMC)! Isto é, dentro de uma
alimentação equilibrada, os antioxidantes do chocolate poderiam ajudar a manter
o peso mais próximo do ideal. Por fim, existem evidências de que os polifenóis
melhoram a função das células beta do pâncreas, melhorando o metabolismo
glicêmico. Ótimas notícias para quem convive com o diabetes, não?
Contudo, todos os estudos que mostraram
benefícios, sempre usaram as versões “amargas” do chocolate, ou seja, com alto
teor de cacau (60% ou mais). As versões ao leite e branco são ricas em açúcar e
gorduras adicionadas (diferentes do ácido esteárico do cacau), além de serem
pobres nos benéficos polifenóis, ou seja, podem ser prejudiciais à saúde e
devem ser evitadas principalmente por pacientes diabéticos.
Nesta Páscoa peça ao Coelho chocolates
com alto teor de cacau e não abuse! Apesar de bom para saúde, o chocolate
amargo ainda é um alimento calórico, ou seja, em excesso pode aumentar o peso.
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