terça-feira, 5 de julho de 2016

Sucralose em debate: O que devemos saber?

Considerando os vários comentários negativos sobre o adoçante sucralose recentemente veiculados nas mídias sociais, o Departamento de Nutrição da SBD vem se posicionar sobre a questão. Um artigo científico publicado em 2015 (1) por pesquisadores da Unicamp em um periódico online pertencente ao grupo Nature, alertou para os potenciais riscos do uso da sucralose, especificamente, em alimentos e sobremesas quentes, como chás, cafés, bolos e tortas. Os principais resultados do estudo indicam que, quando aquecido, o adoçante torna-se quimicamente instável, liberando compostos potencialmente tóxicos e cumulativos ao organismo humano.
Derivado da sacarose, o nosso açúcar de mesa, a sucralose é o adoçante mais consumido no mundo e liberado irrestritamente pelos principais órgãos de segurança alimentar, incluindo o Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, o Joint Expert Committee on Food Additivies (JECFA), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Brasil. No estudo em questão, foi demonstrado que, quando aquecida, a sucralose torna-se quimicamente instável, liberando hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados (HPACs), compostos tóxicos, cumulativos no organismo humano e potencialmente cancerígenos. Isso acontece por conta de uma reorganização das moléculas, quando elas são aquecidas. Os HPACs estão associados ao aumento da incidência de diversos tipos de canceres no homem. A exposição humana aos HPACs se dá principalmente através da contaminação ambiental por meio da fumaça gerada a partir da queima de combustíveis fósseis.
Estudos anteriores evidenciaram a hipótese de que a sucralose não seria adequada para processos que envolvem temperaturas acima 120°C, condições próximas das condições de pirólise. Verificou-se uma forte evidência de que hidrocarbonetos aromáticos policlorados (PCAHs) são formados a partir de sucralose a partir de temperaturas de água a ferver (acima de 98°C), que é a temperatura habitual alcançada quando são preparadas bebidas quentes, tais como café ou chá.
A sucralose foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) como um edulcorante de mesa em 1998, seguindo-se a aprovação como um adoçante de uso geral em 1999. Antes de aprovar o adoçante, a FDA revisou mais de 100 estudos de segurança realizados no edulcorante, incluindo estudos para avaliar o risco de câncer. Os resultados destes estudos não mostraram nenhuma evidência de que o adoçante cause câncer ou represente qualquer outra ameaça à saúde humana (2). A Ingestão Diária Aceitável (ADI) é de 0 - 15 mg / kg de peso corporal, segundo o resumo das avaliações realizadas pelo Comitê Misto Food and Agriculture Organization of the United Nations / World Health Organization (FAO/WHO) de Peritos em Aditivos Alimentares (3,4).
O Conselho Federal de Nutricionistas publicou um comunicado em fevereiro desse ano sobre a recomendação do uso de sucralose (4), destacando que esta foi sugerida para avaliação do Grupo Consultivo da International Agency for Research on Cancer (IARC), com alta prioridade, para estimativa de carga global do Câncer, no decorrer dos anos de 2015 a 2019 (5).
O estudo da Unicamp, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), não determinou a quantidade liberada de HPACs e o impacto direto da queima da sucralose no organismo humano. Muito há de ser elucidado para que isso passe a ser uma orientação clínica, sendo fundamental que mais pesquisas sobre o assunto sejam conduzidas.
A sugestão do Departamento de Nutrição da SBD é a prática de uma alimentação saudável, composta por alimentos menos processados, livres de aditivos, e caso seja indicado o uso de adoçantes artificiais em geral, estes devem ser consumidos com moderação e conforme indicado, respeitando um rodízio dos tipos de adoçantes existentes no mercado para não ocorrer grande exposição a uma só substância. Além disso, sobre a sucralose em questão, os estudos demonstraram a seguridade da mesma em produtos sem aquecimento térmico, sem tal polêmica quando utilizada em sucos, líquidos e outros alimentos em baixas temperaturas.

Torta folhada de legumes

Rendimento: 10 porções
Ingredientes
Massa
150 g de massa filo
Recheio
  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva
  • 1 xícara (chá) de flores de brócolis pré-cozidas
  • 1 xícara (chá) de flores de couve-flor pré-cozidas
  • 1 xícara (chá) de cenoura cortada em cubos pré-cozidas
  • 1 xícara (chá) de ervilhas frescas pré-cozidas
  • 1 colher (sopa) de farinha de trigo
  • 1 xícara (chá) de leite desnatado
  • 1 xícara (chá) de cream cheese light
  • 1/2 xícara (chá) de creme de leite light
  • Para pincelar
  • 1 clara
  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva
Preparo
Recheio
Aqueça o azeite em uma panela antiaderente e refogue os vegetais. Polvilhe a farinha de trigo, mexa um pouco e junte o leite e o cream cheese. Quando engrossar, desligue o fogo e misture o creme de leite. Deixe esfriar e reserve.
Montagem
Corte a massa em 6 partes. Em uma forma de fundo removível untada com azeite, coloque uma folha de massa deixando o excesso cair dos lados. Misture a clara com o azeite e pincele a massa. Cubra com outra folha alternando as pontas. Repita o procedimento com o restante da massa. Coloque o recheio no centro e dobre as pontas sobre ele, deixando o centro sem massa. Leve ao forno quente (250 °C) por cerca de 20 minutos ou até que fique dourada e crocante.
Informações nutricionais
1 Porção = 1 Fatia70 g
Calorias 102
Proteínas 3,9 g
Gorduras totais 4,6 g
Carboidratos 11,3 g
Fibras 1,1 g
Sódio117 mg
Gorduras saturadas  1,5 g
Colesterol17 mg


Disponivel: http://www.diabetes.org.br/receitas-diabetes/receitas-lanches/559-torta-folhada-de-legumes

Pressão alta no diabetes mellitus tipo 2: riscos à saúde e escolha do melhor tratamento

O diabetes mellitus tipo 2, que acomete mais frequentemente pessoas acima do peso, costuma vir acompanhado de hipertensão arterial sistêmica, ou pressão alta. Já no diagnóstico do diabetes, 4 em cada 10 pacientes apresentam medidas elevadas de pressão arterial.
Além da doença renal, ou nefropatia diabética, a hipertensão arterial no diabetes mellitus é causada por reabsorção de água e sódio juntamente à glicose filtrada nos rins e por aumento da rigidez dos vasos sanguíneos, as artérias, tanto por efeito do excesso de glicose por mecanismo conhecido como glicação, quanto por aterosclerose, isto é, entupimento dos vasos.
No paciente diabético, o adequado tratamento da hipertensão arterial é tão importante quanto o tratamento dos níveis elevados de glicose. A pressão alta aumenta o risco de doenças cardíacas e vasculares, tais como infarto do miocárdio, angina e isquemias, além de acelerar o processo de lesão nos rins e na retina, causados pelo próprio diabetes. Para que se consiga prevenir tais complicações, todo paciente diabético deve ter a pressão sistólica medida e mantida em torno de 120 ou 130 mmHg e a pressão diastólica, abaixo de 90 mmHg, dependendo se a pressão foi medida por método automático oscilométrico ou auscultatório, já que no método automatizado a pressão arterial costuma ser de 5 a 10 mmHg menor que no método auscultatório.
Para que se consiga atingir esses alvos terapêuticos, o tratamento consiste em perder peso, preferir uma alimentação saudável (rica em frutas, vegetais e laticínios sem gordura - dieta DASH), não fumar, evitar álcool em excesso, diminuir a ingesta de sal e fazer exercícios físicos regularmente. Quando apenas essas medidas não forem suficientes, lança-se mão de medicamentos. A escolha do medicamento leva em conta: o benefício comprovado em pesquisas, as peculiaridades de cada paciente, o perfil de segurança de cada substância e os custos.
Se não houver evidência de lesão microvascular ou outra indicação específica, os medicamentos com maior eficácia na redução de doenças cardíacas e vasculares são os diuréticos tiazídicos (clortalidona e hidroclorotiazida) seguidos pelos bloqueadores dos canais de cálcio (especialmente anlodipina), segundo os dados do estudo ALLHAT. Nos pacientes que apresentam excreção urinária elevada de albumina, sugerindo dano aos rins pelo diabetes, os inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril, ramipril) são a primeira escolha. Se o paciente não tolerar esta classe medicamento, pode ser feita a substituição pelos antagonistas do receptor a angiotensina 2 (losartana, valsartana, irbesartana, candesartana).
Vários pacientes podem necessitar fazer uso de mais de um tipo de anti-hipertensivo ou mesmo de medicamentos de classes diferentes das mencionadas neste texto. Atualmente, o Governo Federal, através do sistema Farmácia Popular, disponibiliza vários tipos de medicamentos anti-hipertensivos que podem ser usados também por pacientes diabéticos.
Se você é diabético, procure seu médico endocrinologista e meça sua pressão. Se ela não estiver no alvo, mude seus hábitos e exija medicamentos seguros e acessíveis para seu tratamento.

Fonte: Treatment of hypertension in patients with diabetes mellitus - UpToDate OnLine

O que você precisa saber sobre Hipo e Hiperglicemia

O crescimento do número de pessoas com diabetes vem causando bastante preocupação em todo o mundo. Agora, mais do que nunca, é importante educar-nos sobre as causas da diabetes e encontrar uma solução para que a incidência de diabetes não aumente tão rapidamente. Os principais sintomas do diabetes incluem:
  • Urinar muitas vezes
  • Sentir muita sede
  • Sentir muita fome - mesmo que você está comendo
  • Fadiga extrema
  • Visão embaçada
  • Cortes / contusões que demoram a cicatrizar
  • A perda de peso - mesmo que você esteja comendo mais (Tipo 1)
  • Formigamento, dor ou dormência nas mãos / pés (Tipo 2)
    Indivíduos com diabetes correm um maior risco de hiperglicemia ou hipoglicemia e é importante compreender as causas, sintomas e efeitos dessas condições. A ilustração acima mostra as diferenças entre hipo e hiperglicemias.
Então, qual é a diferença entre hiperglicemia vs. hipoglicemia?
A hiperglicemia é caracterizada pela presença de níveis elevados de açúcar (glicose) no sangue, podendo ser causada pelo excesso de alimentação, falta de exercício ou, para os diabéticos, falta de insulina, podendo evoluir ao longo do curso de um dia ou vários dias.
Os principais sintomas de açúcar elevado em pessoas não diabéticas são semelhantes ao de um diabético e incluem: aumento da micção, sede e fome. Fadiga, agitação e perda de peso também podem ser sintomas menos comuns. Embora esses sintomas nem sempre signifiquem que você tem hiperglicemia.
Dependendo da causa da hiperglicemia, o tratamento médico pode ou não ser bem sucedido. Pessoas com níveis de glicemia levemente elevados, como acontece no pré-diabetes, conseguem muitas vezes reduzir os seus níveis de glicose através da incorporação de mudanças de dieta e estilo de vida, como beber mais água, um aumento da quantidade de exercício, a mudança de hábitos alimentares e ajuste de medicamentos.
A insulina é o tratamento de escolha para as pessoas com diabetes tipo 1. Para aqueles que têm diabetes tipo 2, uma combinação de diferentes medicamentos orais e injetáveis pode ser o melhor tratamento. Algumas pessoas com diabetes tipo 2 também podem precisar de tomar insulina.
A hipoglicemia é a baixa de açúcar no sangue e pode ser causada por não se alimentar o suficiente, exercício excessivo ou, para os diabéticos, tendo muita insulina no corpo. Outras possíveis causas de hipoglicemia incluem ingestão excessiva de álcool, uma vez que isso reduz os níveis de açúcar no sangue.
Os principais sintomas de hipoglicemia incluem sudorese, fadiga e tonturas. No entanto, outros sintomas mais graves incluem aumento da frequência cardíaca, visão turva, confusão, convulsões e, em casos graves, coma.
Alimentos que permitem liberação rápida de glicose no sangue incluem: refrigerantes açucarados, suco, doces, açúcar de mesa e similares. Em geral, 15 gramas de glicose (meio a um copo de refrigerante açucarado) é a quantidade recomendada para o controle da hipoglicemia, seguido por uma avaliação dos sintomas e um controle de glucose no sangue, se possível. Se após 10 minutos não houver melhora, deve-se repetir a ingestão de mais 10-15 gramas de glicose. Isto pode ser repetido até três vezes. Se ainda não houver indicação de melhora, em seguida, melhor consultar um médico.

Fonte: Hyperglycemia vs. Hypoglycemia: What You Need to Know.

quarta-feira, 9 de março de 2016

É sempre bom saber!


Bebidas alcoólicas e diabetes

Uma pergunta frequente no consultório sempre que alguém recebe o diagnóstico de diabetes mellitus é: “Posso beber um vinho ou uma cervejinha vez ou outra? Quanto posso beber?” Antes de responder esta dúvida frequente, é importante conhecermos algo chamado de “paradoxo clínico do álcool”.


O consumo de álcool pode causar doenças e aumentar o risco de morte. Por outro lado, o álcool também pode ajudar a prevenir problemas de saúde e aumentar a longevidade. Ora, como pode a mesma substância fazer mal e bem ao mesmo tempo? Chamamos isso de paradoxo clínico do álcool. O que define se o álcool fará bem ou mal é a quantidade e a maneira com que é consumido.

Para quem ainda não é diabético, o consumo de álcool em doses moderadas pode ajudar a prevenir a doença. Uma revisão de 15 estudos publicada na revista médica Diabetes Care em 2005 mostrou que o consumo diário de até 48 gramas de álcool (o equivalente a duas taças de vinho ou duas garrafas de cereja) estava associado a redução de 30% no risco de diabetes. Aparentemente, doses em torno de 30 gramas de álcool melhoram a sensibilidade a insulina, isto é, facilitam o funcionamento deste hormônio que ajuda nossas células a usar a glicose, o “açúcar do sangue”.

Em pacientes que já são diabéticos, o consumo moderado de álcool também pode ser benéfico. Um estudo israelense publicado em 2007 também na revista Diabetes Care evidenciou que o consumo de uma taça de vinho tinto ou branco todos os dias foi capaz de baixar a glicemia em jejum em 20 mg/dL durante os 3 meses de seguimento. Outro estudo, publicado na revista JAMA, com mais de 900 pacientes diabéticos idosos mostrou que o consumo de pelo menos 14 gramas de álcool por dia foi capaz de reduzir o risco de morte por doenças isquêmicas do coração em cerca de 80%.

No entanto, o consumo de álcool não é bom para todos os pacientes diabéticos. Pacientes com sintomas causados por doenças nos nervos periféricos (neuropatia diabética) ou com hipoglicemias (quedas de glicose) frequentes podem apresentar piora desses sintomas. Mulheres com histórico familiar de câncer de mama e qualquer paciente com potencial para abuso de substâncias também devem ter o consumo desencorajado.

Por fim, grande parte do conhecimento sobre o consumo de álcool vem de estudos epidemiológicos. Isto quer dizer que são estudos sujeitos a falhas metodológicas e que os resultados devem ser interpretados com cautela. Apesar disso, e respondendo a pergunta inicial, à luz do conhecimento científico atual, o paciente diabético pode sim beber uma cervejinha sem maiores preocupações, desde que na dose apropriada e após avaliação do seu endocrinologista.

Consumo-de-chocolate-pelo-paciente-diabetico

Estamos quase na Páscoa e os supermercados já estão com seus “túneis” de ovos de chocolate montados, o que chama a atenção e aumenta a vontade de degustar essa guloseima. Mas e o paciente que convive com diabetes mellitus? Também pode se deliciar com chocolate? Não só pode, como deve! Mas alguns cuidados devem ser tomados. Vejamos...
No ano de 2012, a revista médica mais importante do mundo, New England Journal of Medicine, publicou um estudo muito interessante. Pesquisadores demonstraram que os países onde mais pessoas consumiam chocolate, ganhavam mais prêmios Nobel (!!!). Seria uma evidência epidemiológica de que o consumo regular de chocolate melhorava as capacidades cognitivas de quem o saboreava? Possivelmente. O chocolate é feito de cacau, planta que como o chá-verde é rica em flavonoides. Estes compostos fenólicos são potentes antioxidantes e anti-inflamatórios naturais. Estas substâncias quando consumidas regularmente têm o potencial de trazer uma série de benefícios ao cérebro, coração, vasos e metabolismo.
Além da melhora da função cognitiva, alguns estudos sugerem que o consumo de chocolate possa ajudar a combater sintomas depressivos através da modulação da dopamina e dos opioides no cérebro. Além disso, dois estudos suecos mostraram que aumentar o consumo de chocolate amargo em pelo menos 50 gramas por semana foi capaz de reduzir o risco de isquemias e hemorragias cerebrais em até 27 por cento! Vale lembrar que pacientes diabéticos apresentam risco maior para estas doenças.
Os suecos realmente gostam de estudar os benefícios do chocolate! Outra análise mostrou que o consumo de apenas 28 gramas de chocolate amargo uma ou 2 vezes por semana se associou a um risco 32 por cento menor de insuficiência cardíaca. Estudos posteriores evidenciaram melhora na função do endotélio (camada interna dos vasos) e da função das plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue). Ou seja, o chocolate também tem potencial de reduzir infartos e mortalidade por doença coronariana. E as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em pacientes com diabetes mellitus...
Uma extensa revisão da literatura publicada na prestigiada Cochrane Database of Systemic Reviews mostrou que o consumo de chocolate ajuda a reduzir a pressão arterial. O efeito é devido a liberação de óxido nítrico, um potente vasodilatador, pelo endotélio. Além disso, os chocolates com mais de 60% de cacau, apesar de possuírem gorduras saturadas, são capazes de reduzir os níveis de colesterol LDL (ruim) e aumentar os níveis de HDL (colesterol bom). Algo impressionante: um estudo publicado em 2012 na revista médica Archives of Internal Medicine associou um maior consumo de chocolate a um menor índice de massa corporal (IMC)! Isto é, dentro de uma alimentação equilibrada, os antioxidantes do chocolate poderiam ajudar a manter o peso mais próximo do ideal. Por fim, existem evidências de que os polifenóis melhoram a função das células beta do pâncreas, melhorando o metabolismo glicêmico. Ótimas notícias para quem convive com o diabetes, não?
Contudo, todos os estudos que mostraram benefícios, sempre usaram as versões “amargas” do chocolate, ou seja, com alto teor de cacau (60% ou mais). As versões ao leite e branco são ricas em açúcar e gorduras adicionadas (diferentes do ácido esteárico do cacau), além de serem pobres nos benéficos polifenóis, ou seja, podem ser prejudiciais à saúde e devem ser evitadas principalmente por pacientes diabéticos.
Nesta Páscoa peça ao Coelho chocolates com alto teor de cacau e não abuse! Apesar de bom para saúde, o chocolate amargo ainda é um alimento calórico, ou seja, em excesso pode aumentar o peso.

A realidade do diabetes: A interdisciplinaridade como caminho

Hoje o tratamento da doença crônica é um desafio para todos os envolvidos em seu cuidado, do sistema de saúde aos profissionais, familiares e pacientes.
Gostaríamos de compartilhar nossas reflexões, a partir da experiência em um grupo voltado para a educação e controle do diabetes que atua num formato interdisciplinar, tendo como foco os cuidados necessários para um bom controle do Diabetes.
O diabetes é uma doença crônica, multifatorial e evolutiva. Se em sua progressão, seja de forma silenciosa ou não, o paciente permanecer no mau controle, isto pode acarretar complicações com sequelas irreversíveis.
Apesar de todos os investimentos em avanços farmacológicos e de equipamentos, da especialização crescente dos profissionais envolvidos na área, pouco se consegue no sentido de controlar a doença.
Dados do IDF revelam que mais de 5 milhões de pessoas morreram por causa do diabetes em 2013. Temos 382 milhões de portadores da doença sendo que a cada 6 segundos uma pessoa morre em decorrência do diabetes.
Diante desse panorama podemos nos sentir impotentes. Nesse momento cabe pensar sobre como, enquanto profissionais, interagimos com o paciente que chega até nós com um diagnóstico de diabetes. Será que um único profissional tem condição de abarcar toda demanda para que o paciente atinja e mantenha o controle da doença?
Talvez essa crença seja exatamente o que dificulta nossa atuação profissional. Não podemos imaginar que existe uma resposta simples para uma doença tão complexa que exige tanto de seu portador como de seus cuidadores. Ter essa consciência é o primeiro passo para nos organizarmos em relação ao tratamento do diabetes.
É muito comum que os profissionais tenham a expectativa de que a família participe dos cuidados do paciente com sua doença. A família comumente se envolve com o tratamento para o bom controle da doença o que pode constituir uma ajuda importante para o portador e profissionais, mas é importante que o paciente desenvolva autonomia em relação ao cuidado de sua doença e esta não seja o grande organizador das relações intrafamiliares, o que poderia levar o diabetes ou o diabético a serem os bodes expiatórios das dificuldades que as famílias encontram em seu caminho.
Cabe ao profissional de saúde ser o principal parceiro do paciente na jornada de conhecer sua doença e aprender a lidar com ela. Sendo o diabetes uma doença crônica, ou seja, “para sempre”, mesmo que tudo seja feito corretamente em determinado momento o tratamento vai necessitar de ajustes e este deve ser feito junto com os profissionais.
Um paciente que conheça bem sua doença e esteja apto a lidar com os desafios que seu autocuidado impõe será um grande aliado na prevenção de complicações, como também um agente multiplicador do conhecimento para outros diabéticos.
Para fazer frente a esses desafios acreditamos que o trabalho em equipe interdisciplinar apresenta os recursos necessários tanto para os profissionais como para os pacientes.
Entendemos que a atuação interdisciplinar difere em muito de uma atuação multidisciplinar. Na multidisciplinaridade cada profissional atende o paciente fazendo a contribuição da sua área para o tratamento do mesmo. Na interdisciplinaridade, os profissionais de cada disciplina o atendem em conjunto e trocam informações entre si com o intuito de definir o melhor tratamento.
Em equipe interdisciplinar os profissionais não se sentem sobrecarregados pela necessidade de adequar o tratamento do paciente a seu contexto social, cultural e familiar, pois cada membro da equipe faz isso durante suas intervenções. Essa postura onde os profissionais buscam criar um tratamento singular para cada paciente levando em conta as especificidades de sua doença, e de seu momento de vida, darão frutos a médio e longo prazo em relação à adesão ao tratamento, com melhor controle glicêmico e redução das complicações.
Para o paciente a equipe possibilita a ampliação de seu conhecimento frente à doença. Ver o envolvimento desta, seu empenho em promover as condições para que ele possa cuidar bem de sua doença, gera a motivação necessária para que ele realize os procedimentos necessários para seu cuidado, além de promover e fortalecer os vínculos criados com um ou mais profissionais da equipe.
Investir na construção do vínculo com o paciente nos permite convida-lo para uma participação ativa em relação à definição de seu tratamento desenvolvendo assim uma postura de corresponsabilidade em relação a este.
Levantar com o paciente seus horários de trabalho, refeição, sono, nos permite adequar a medicação a sua realidade. Saber dos seus hábitos alimentares, comidas prediletas, datas importantes nos permite adequar sua alimentação para um bom controle glicêmico. Entrar em contato com sua visão sobre o diabetes, quais seus receios e medos, saber do seu momento de vida atual, nos permite introduzir a informação necessária para seu autocuidado. Ensinar como tomar a medicação, medir a glicemia, cuidar dos pés ou aplicar a insulina possibilita prevenir o avanço da doença. Viabilizar a prática de atividade física ajuda a manter o controle glicêmico além de todos os benefícios do exercício (condicionamento muscular e cardiovascular), ou seja, o caminho para trabalhar com todas essas informações só é possível com a integração do médico, nutricionista, psicólogo, enfermeiro e educador físico em torno de um único objetivo: levar o paciente ao controle glicêmico respeitando seu estilo de vida.
Na equipe se torna possível mergulhar nas singularidades do paciente, trazendo uma riqueza de informações que possibilita a ampliação de nossa ação profissional. Para ampliar sua efetividade se faz necessária uma mudança de paradigma, o atendimento deixa de ser centrado na atuação médica ou na patologia e passa a ser centrado no paciente.
Nossas reflexões se dão a partir do trabalho num grupo que já realizou esta mudança de paradigma o que permite que o trabalho se dê num contexto privilegiado, seu modelo de atuação num formato intensivo possibilita agilizar a obtenção do controle glicêmico  facilitando  que o paciente se aproprie do conhecimento necessário e crie autonomia em relação ao cuidado com a doença.
Os casos citados abaixo são alguns exemplos de como considerar a realidade do paciente e como o fato de levar em conta o que é importante para ele constituem fatores fundamentais para sua adesão ao tratamento.

Homem, 55 anos, ortoptista, diabético há 13 anos.
Veio para o Grupo com quadro de hiperglicemia, uma glicemia média de 250, mesmo estando medicado. Em seu tratamento buscou- se inicialmente otimizar a medicação de que vinha fazendo uso mesmo assim apresentou pouca melhora, os resultados eram desanimadores.
Ao longo deste período as nutricionistas e a equipe de psicologia buscaram trabalhar com ele como melhorar sua alimentação e ter horários regulares, apesar das dificuldades que referia por ter uma vida muito corrida.
Se os resultados de sua glicemia tivessem sido os únicos organizadores da conduta ele teria começado a usar insulina. No entanto o fato do trabalho acontecer em equipe permitiu que os médicos esperassem pelo resultado das intervenções das outras áreas, e após a quarta semana o paciente atingiu o controle glicêmico.
O paciente compreendeu a necessidade de seguir a orientação alimentar que foi adequada sempre que possível às demandas de seu estilo de vida.
Menino, 14 anos, diabético tipo 1 há  10 anos.
Veio para o Grupo indicado por uma das médicas, havia acabado de sair de uma internação devido ao descontrole glicêmico, chegou a verbalizar que era melhor morrer do que viver assim, estava completamente indiferente aos cuidados com o diabetes, não realizava nenhum dos procedimentos, todos eram efetuados pela mãe, da medição a à  aplicação da insulina.
Sua mãe estava exausta e desesperada, há 10 anos vivia em função do diabetes do filho sem conseguir manter o controle glicêmico e extremamente irritada com a indiferença dele em relação ao autocuidado.
Ao longo do processo foi trabalhado o vínculo dos dois em relação a doença. Após a equipe ter treinado o paciente para a auto aplicação da insulina a mãe foi incentivada a delegar para ele a execução de todos os procedimentos, bem como a responsabilidade pela sua alimentação.
Nesse período a mãe recebeu suporte para tolerar a ansiedade do processo de transição e o menino foi sendo conscientizado dos benefícios da autonomia nos cuidados do diabetes.
Após 4 semanas o menino já realizava suas medições e aplicações da insulina, em 10 semanas o stress no vínculo havia diminuído. As manipulações realizadas através da alimentação e os ”prêmios” em função da doença foram desarticulados,  mãe e filho começaram a viver  as questões pertinentes  à adolescência.
Atualmente a mãe foi fazer faculdade incentivada pelo filho, se veem algumas horas por dia:
“...Nunca imaginei que estaria sentada num banco de faculdade, na minha família nós olhávamos pro V como alguém com uma doença incurável e isso mudou”
Hoje o menino tem um comportamento e a energia equivalente a sua idade, consegue perceber que chegou ao Grupo infantilizado e hoje é dono de si mesmo.
Tanto para o paciente, quanto para a equipe o trabalho interdisciplinar possibilita um acesso mais rápido aos resultados esperados. A troca entre profissionais além de promover um conhecimento sobre as diversas áreas, possibilita a cada um ampliar seu repertório de atuação junto aos pacientes. .
“ Hoje não consigo mais entender como um médico consegue atender pacientes diabéticos sem equipe”
“Quando eu assisto um atendimento em outro hospital eu penso: - não consigo mais atender assim”
“Meu trabalho aqui é muito mais fácil, com a intervenção da equipe o paciente vê o resultado e minhas falas ficam muito mais efetivas”.
Esperamos que este texto possa contribuir com os profissionais em seus contextos de atuação e traga benefícios para todos os envolvidos no sistema de cuidado do diabetes.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Descobri que tenho diabetes como devera ficar minha alimentação

Os comitês de estudos sobre o diabetes têm orientado que as pessoas com diabetes sigam a mesma alimentação saudável recomendada à população em geral. Muitas vezes pensamos que teremos de fazer uma dieta rigorosa, mas na verdade o que se espera é um planejamento e organização dos hábitos alimentares. Isto quer dizer que teremos que ter uma maior atenção quanto às escolhas dos alimentos e a quantidade consumida.
Tentamos resumir os primeiros passos quando nos deparamos com essa nova situação:
1 - Distribua os alimentos em 5 a 6 refeições ao dia. Não deixe de fazer o café da manhã! Se não puder fazê-lo em casa, leve um lanche reforçado para a escola ou trabalho.
2 - Nos lanches, comece sempre pelas frutas (evite sucos), mas não exagere na quantidade. Nenhum tipo de fruta é proibido!
3 - No almoço e jantar, continue a comer o tradicional arroz com feijão.
4 -A metade do prato deve ser de vegetais coloridos, principalmente os verde-escuros e amarelos. Pode ser na forma de salada crua e/ou vegetais cozidos. Evite molhos gordurosos.
5 - Escolha pequenas porções de carnes magras e faça rodízio entre as brancas, vermelhas ou ovo. Experimente também pratos vegetarianos.
6 - Evite os açúcares e alimentos açucarados. Se precisar utilize adoçante em pequena quantidade. Evite os adoçantes a base de frutose.
7- Só opte por produtos dietéticos se tiver certeza de que o mesmo atende as suas necessidades.
8 - Evite frituras e diminua o consumo de gorduras animais: carnes gordas, queijos (exceto os mais magros como, por exemplo, ricota, minas frescal, cottage), embutidos, manteiga, margarina, requeijão, creme de leite.
9 - Diminua o sal. Grande parte das pessoas com diabetes também apresentam pressão arterial elevada.
10 - Procure usar alimentos menos processados: pães integrais, aveia, arroz integral, macarrão integral, etc.
11- Evite bebida alcoólica.
12 - Tome água várias vezes ao longo do dia.
13 - Inclua como meta no seu plano de cuidado com diabetes, a consulta com um  nutricionista especialista para orientação da sua alimentação  ao longo da vida.

Como realizar a automonitorização da glicemia de forma correta

A situação do controle glicêmico no Brasil é desastrosa e altamente preocupante: 90% dos diabéticos tipo 1 e 73% dos diabéticos tipo 2 estão com o diabetes fora de controle. Uma das principais causas dessa situação é a falta de uma prática adequada de automonitorização da glicemia, o que retarda o diagnóstico do descontrole e não permite ao médico tomar decisões terapêuticas mais eficazes, exatamente pela falta de conhecimento do estado do controle glicêmico de seus pacientes.

A maioria dos pacientes simplesmente não dispõe dos monitores de glicemia e das tiras reagentes para essa prática. Dentre os que dispõem desse recurso, a grande maioria o utiliza de maneira equivocada, seja realizando os testes de forma totalmente aleatória e não frequente, seja realizando seus testes sempre à mesma hora do dia, em geral sempre em jejum. Assim procedendo, o paciente jamais poderá conhecer o real estado de seu controle glicêmico: ele poderá estar bem controlado nas glicemias de jejum, mas totalmente fora de controle nas glicemias realizadas 2 horas após cada refeição.
Outro aspecto importante é que os testes de glicemia devem ser realizados de uma forma estruturada, de tal forma a obter os valores de glicemia nos diferentes horários do dia. Não existe uma frequência previamente determinada para a realização dos testes. Tudo vai depender do nível de controle e da estabilidade dos valores de glicemia. Quando o paciente está bem fora de controle, ele deve medir sua glicemia no mínimo 6 vezes ao dia, sendo 3 testes antes das principais refeições e 3 testes realizados 2 horas após essas refeições, durante pelo menos 3 dias por semana. Os resultados devem ser comunicados semanalmente ao médico, que deverá realizar as correções necessárias na conduta terapêutica. Repetindo-se essa frequência ampliada de testes durante algumas semanas seguidas, pode-se ter uma idéia precisa de como o controle glicêmico está evoluindo no decorrer das semanas. Depois de obtido o adequado controle glicêmico, daí então a frequência de testes poderá ser reduzida para 2 a 4 testes por semana, em diferentes horários do dia. A ilustração a seguir mostra a evolução favorável dos níveis glicêmicos durante um período de observação de 5 semanas, seguindo-se as orientações mencionadas anteriormente. O paciente em questão passou de uma situação de total descontrole para uma situação de controle completo da glicemia em apenas 5 semanas. A faixa verde do gráfico corresponde à área de normalidade dos valores de glicemia (70 mg/dL a 160 mg/dL).

A International Diabetes Federation considera a automonitorização uma prática indispensável, tanto para diabetes do tipo 1 como do tipo 2, desde que obedecidas as seguintes premissas: o paciente deve estar consciente da importância do bom controle glicêmico, além de conhecer bem como a automonitorização deve ser realizada; o paciente deverá também ter um suporte educacional de longo prazo por uma equipe multidisciplinar; e os dados obtidos através da automonitorização devem servir para auxiliar o médico na avaliação e na redefinição da conduta terapêutica.
Em resumo: a automonitorização é uma prática essencial para o bom controle do diabetes, quando praticada adequadamente. Mas torna-se um recurso absolutamente inútil quando praticada de forma equivocada.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

7 mitos e 5 verdades sobre o diabetes

No Brasil, cerca de sete milhões de pessoas, acima de 18 anos, têm a doença. Um estudo recente da Sociedade Brasileira de Diabetes, aponta que mais de 60% deles não sabem que têm a doença. Disfunção metabólica crônica decorrente de uma deficiência de insulina - hormônio produzido pelo pâncreas - que pode ser causada por fatores genéticos ou em decorrência de maus hábitos de vida como sedentarismo e uma dieta desequilibrada, recheada, principalmente de açúcar.
O problema pode trazer perda ou aumento de peso, é fator de risco para problemas cardiovasculares e, nos casos mais graves, provocar falência de órgãos (rins, olhos) e até a morte. Apesar dos perigos, é completamente controlável.
"É uma doença crônica e deve ser tratada como tal, mas com informação e mudança de hábitos, dá para ser controlada e ter qualidade de vida", explica a nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora do Hospital Bandeirantes. Pensando nisso, o MinhaVida conversou com especialistas para descobrir os mitos e verdades do diabetes para facilitar a vida de quem convive com a doença.  

1.Diabetes é contagioso

Mito: o diabetes não passa de pessoa para pessoa. É preciso acabar com essa discriminação de que o diabético não pode ter emprego, amigos e vida social. O que acontece é que, em especial no tipo 1, há uma propensão genética para se ter a doença e não uma transmissão comum. "Temos exemplos de mães diabéticas que tem filhos totalmente saudáveis", explica a nutricionista. 

2.Canela ajuda a controlar o diabetes

Mito: não tem nenhum estudo científico que comprove isso. Existem alguns estudos em relação à canela, porém são estudos preliminares, que merecem mais esclarecimentos para provar esse efeito satisfatório. "É melhor não seguir nada que não seja comprovado, afinal, trata-se de um problema crônico e qualquer descuido pode piorar a situação", diz a nutri.   

3.Diabético pode consumir mel, açúcar mascavo e caldo de cana sem problemas

Mito: apesar de naturais, estes alimentos tem açúcar do tipo sacarose, maior vilã dos diabéticos. "Hoje, os padrões internacionais já liberam que 10% dos carboidratos ingeridos podem ser sacarose, mas sem o controle e a compensação, os níveis de glicose podem subir e desencadear uma crise", explica Patrícia. "O diabético até pode consumir, mas ele deve ter noção de que não pode abusar e compensar com equilíbrio na dieta", continua.

4.Alguns alimentos ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue auxiliando o tratamento do diabetes 
 Verdade: Sim. Isso por conta do Índice Glicêmico (IG) dos alimentos. Quando um alimento tem o índice glicêmico baixo, ele retarda a absorção da glicose pelo sangue e, portanto estabiliza a doença. Mas, quando o índice é alto, esta absorção é rápida e acelera o aumento das taxas de glicose no sangue. "Alimentos integrais, iogurtes sem açúcar, maçã, pera, feijão, lentilha e manga, podem ser considerados indutores deste controle, por isso ajudam a amenizar os sintomas da doença, já os de alto índice, como batata e demais carboidratos, aumentam o problema", continua 

5.A aplicação de insulina causa dependência química

Mito: a aplicação de insulina não promove qualquer tipo de dependência química ou psíquica. O hormônio é importante para permitir a entrada de glicose na célula, tornando-se fonte de energia. "No caso dos pacientes com diabetes tipo 1, não tem jeito eles são insulino-dependentes, e não porque ela cause esta dependência, mas pelo fato de sua deficiência ser crônica desde o nascimento", explica Patrícia.
"Não se trata de dependência química e sim de necessidade vital. Você precisa da insulina para sobreviver, mas não é um viciado na substância", explica o endocrinologista e presidente da Associação Nacional de Apoio ao Diabético (Anad), Fadlo Farige. 

6.Deve-se substituir o açúcar dos alimentos por adoçante

Verdade: os adoçantes foram feitos exatamente para os diabéticos ou para quem está de dieta, porém, para pessoas que não têm nenhuma disfunção, existe um limite para seu uso. "O valor diário recomendado de aspartame, por exemplo, é 40 mg por kg, já no ciclamato, este número é bem menor, 11 mg", explica a nutricionista.  

7.Dá para evitar a insulina se você não ingere carboidratos

Mito: neste caso, depende. O carboidrato eleva a glicemia com mais rapidez, por isso sua ingestão deve ser controlada. "No diabetes Tipo 1, é necessária a aplicação de insulina diariamente, já que o pâncreas não produz este hormônio. Portanto, mesmo que não coma carboidratos, precisará aplicar insulina. No caso do diabetes Tipo2, a ingestão da insulina vai depender do nível de glicemia. Se estiver controlado, pode-se parar o uso, porém, só um médico poderá fazer esta avaliação", explica Patrícia.  

8.Não é permitido ingerir bebidas alcoólicas 

Verdade: "o consumo é permitido, mas com alguns cuidados: de forma moderada e sempre junto a uma refeição, pois o consumo isolado pode levar a hipoglicemia (baixa nas taxas de glicose sanguínea) ou dificultar a recuperação de uma crise hipoglicêmica, já que o uso de insulina e de outros medicamentos para controlar o diabetes é feito para baixar a glicemia, e o álcool tende a diminuir ainda mais estas taxas, o que pode levar a um quadro crônico", explica a nutricionista. 
Também é importante fazer o monitoramento de glicemia antes e depois de consumir bebidas alcoólicas. Para Fadlo Fraige, apenas as bebidas destiladas são permitidas (e com muita moderação), pois, segundo ele, não são feitas à base de carboidratos e o álcool tem baixo índice glicêmico. Já sobre as fermentadas, à base de glicose, o endocrinologista recomenda: "Cuidado com cervejas e bebidas doces ou à base de carboidratos. Elas têm alto índice glicêmico e podem trazer problemas. Ao contrário do que se imagina, as bebidas sem álcool são piores, pois, têm o carboidrato e não têm o álcool que ajuda a baixar a glicemia", explica o presidente da Anad.  

9.Bebida alcoólica pode porque o remédio para diabetes tem álcool e não faz mal

Mito: A taxa de álcool presente nos remédios são mínimas e, por isso, não dá para fazer esta comparação. "Bebidas alcoólicas são permitidas com restrições", diz a nutricionista.

10.Quem tem diabetes deve fazer somente exercícios leves

Verdade: diabéticos devem ser estimulados a fazer atividades físicas, respeitando contra-indicações, se houver. "De uma forma geral, os exercícios melhoram os níveis glicêmicos, porém, quando o gasto calórico é maior do que a reposição de nutrientes após o treino, pode haver um quadro de hipoglicemia, por isso, deve-se fazer um monitoramento", diz a nutricionista. 

11.Estresse ajuda a descontrolar o diabetes

Verdade: quando uma pessoa fica nervosa, a sua taxa de glicose sanguínea sobe. "Mas isso não acontece só com diabéticos", diz Patrícia.

12.Diabéticos podem usar sauna e fazer escalda pés

Mito: Por ser uma disfunção metabólica o diabetes altera a circulação e compromete os vasos sanguíneos, dificultando o processo de cicatrização e pode causar problemas em diversas outras funções como problemas renais e o comprometimento da visão. "Em função desta alteração circulatória, os riscos de exposição à altas temperaturas e aos choques térmicos podem agravar ou desencadear quadros de angiopatias e outros problemas cardíacos", finaliza a Patrícia.