segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

7 mitos e 5 verdades sobre o diabetes

No Brasil, cerca de sete milhões de pessoas, acima de 18 anos, têm a doença. Um estudo recente da Sociedade Brasileira de Diabetes, aponta que mais de 60% deles não sabem que têm a doença. Disfunção metabólica crônica decorrente de uma deficiência de insulina - hormônio produzido pelo pâncreas - que pode ser causada por fatores genéticos ou em decorrência de maus hábitos de vida como sedentarismo e uma dieta desequilibrada, recheada, principalmente de açúcar.
O problema pode trazer perda ou aumento de peso, é fator de risco para problemas cardiovasculares e, nos casos mais graves, provocar falência de órgãos (rins, olhos) e até a morte. Apesar dos perigos, é completamente controlável.
"É uma doença crônica e deve ser tratada como tal, mas com informação e mudança de hábitos, dá para ser controlada e ter qualidade de vida", explica a nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora do Hospital Bandeirantes. Pensando nisso, o MinhaVida conversou com especialistas para descobrir os mitos e verdades do diabetes para facilitar a vida de quem convive com a doença.  

1.Diabetes é contagioso

Mito: o diabetes não passa de pessoa para pessoa. É preciso acabar com essa discriminação de que o diabético não pode ter emprego, amigos e vida social. O que acontece é que, em especial no tipo 1, há uma propensão genética para se ter a doença e não uma transmissão comum. "Temos exemplos de mães diabéticas que tem filhos totalmente saudáveis", explica a nutricionista. 

2.Canela ajuda a controlar o diabetes

Mito: não tem nenhum estudo científico que comprove isso. Existem alguns estudos em relação à canela, porém são estudos preliminares, que merecem mais esclarecimentos para provar esse efeito satisfatório. "É melhor não seguir nada que não seja comprovado, afinal, trata-se de um problema crônico e qualquer descuido pode piorar a situação", diz a nutri.   

3.Diabético pode consumir mel, açúcar mascavo e caldo de cana sem problemas

Mito: apesar de naturais, estes alimentos tem açúcar do tipo sacarose, maior vilã dos diabéticos. "Hoje, os padrões internacionais já liberam que 10% dos carboidratos ingeridos podem ser sacarose, mas sem o controle e a compensação, os níveis de glicose podem subir e desencadear uma crise", explica Patrícia. "O diabético até pode consumir, mas ele deve ter noção de que não pode abusar e compensar com equilíbrio na dieta", continua.

4.Alguns alimentos ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue auxiliando o tratamento do diabetes 
 Verdade: Sim. Isso por conta do Índice Glicêmico (IG) dos alimentos. Quando um alimento tem o índice glicêmico baixo, ele retarda a absorção da glicose pelo sangue e, portanto estabiliza a doença. Mas, quando o índice é alto, esta absorção é rápida e acelera o aumento das taxas de glicose no sangue. "Alimentos integrais, iogurtes sem açúcar, maçã, pera, feijão, lentilha e manga, podem ser considerados indutores deste controle, por isso ajudam a amenizar os sintomas da doença, já os de alto índice, como batata e demais carboidratos, aumentam o problema", continua 

5.A aplicação de insulina causa dependência química

Mito: a aplicação de insulina não promove qualquer tipo de dependência química ou psíquica. O hormônio é importante para permitir a entrada de glicose na célula, tornando-se fonte de energia. "No caso dos pacientes com diabetes tipo 1, não tem jeito eles são insulino-dependentes, e não porque ela cause esta dependência, mas pelo fato de sua deficiência ser crônica desde o nascimento", explica Patrícia.
"Não se trata de dependência química e sim de necessidade vital. Você precisa da insulina para sobreviver, mas não é um viciado na substância", explica o endocrinologista e presidente da Associação Nacional de Apoio ao Diabético (Anad), Fadlo Farige. 

6.Deve-se substituir o açúcar dos alimentos por adoçante

Verdade: os adoçantes foram feitos exatamente para os diabéticos ou para quem está de dieta, porém, para pessoas que não têm nenhuma disfunção, existe um limite para seu uso. "O valor diário recomendado de aspartame, por exemplo, é 40 mg por kg, já no ciclamato, este número é bem menor, 11 mg", explica a nutricionista.  

7.Dá para evitar a insulina se você não ingere carboidratos

Mito: neste caso, depende. O carboidrato eleva a glicemia com mais rapidez, por isso sua ingestão deve ser controlada. "No diabetes Tipo 1, é necessária a aplicação de insulina diariamente, já que o pâncreas não produz este hormônio. Portanto, mesmo que não coma carboidratos, precisará aplicar insulina. No caso do diabetes Tipo2, a ingestão da insulina vai depender do nível de glicemia. Se estiver controlado, pode-se parar o uso, porém, só um médico poderá fazer esta avaliação", explica Patrícia.  

8.Não é permitido ingerir bebidas alcoólicas 

Verdade: "o consumo é permitido, mas com alguns cuidados: de forma moderada e sempre junto a uma refeição, pois o consumo isolado pode levar a hipoglicemia (baixa nas taxas de glicose sanguínea) ou dificultar a recuperação de uma crise hipoglicêmica, já que o uso de insulina e de outros medicamentos para controlar o diabetes é feito para baixar a glicemia, e o álcool tende a diminuir ainda mais estas taxas, o que pode levar a um quadro crônico", explica a nutricionista. 
Também é importante fazer o monitoramento de glicemia antes e depois de consumir bebidas alcoólicas. Para Fadlo Fraige, apenas as bebidas destiladas são permitidas (e com muita moderação), pois, segundo ele, não são feitas à base de carboidratos e o álcool tem baixo índice glicêmico. Já sobre as fermentadas, à base de glicose, o endocrinologista recomenda: "Cuidado com cervejas e bebidas doces ou à base de carboidratos. Elas têm alto índice glicêmico e podem trazer problemas. Ao contrário do que se imagina, as bebidas sem álcool são piores, pois, têm o carboidrato e não têm o álcool que ajuda a baixar a glicemia", explica o presidente da Anad.  

9.Bebida alcoólica pode porque o remédio para diabetes tem álcool e não faz mal

Mito: A taxa de álcool presente nos remédios são mínimas e, por isso, não dá para fazer esta comparação. "Bebidas alcoólicas são permitidas com restrições", diz a nutricionista.

10.Quem tem diabetes deve fazer somente exercícios leves

Verdade: diabéticos devem ser estimulados a fazer atividades físicas, respeitando contra-indicações, se houver. "De uma forma geral, os exercícios melhoram os níveis glicêmicos, porém, quando o gasto calórico é maior do que a reposição de nutrientes após o treino, pode haver um quadro de hipoglicemia, por isso, deve-se fazer um monitoramento", diz a nutricionista. 

11.Estresse ajuda a descontrolar o diabetes

Verdade: quando uma pessoa fica nervosa, a sua taxa de glicose sanguínea sobe. "Mas isso não acontece só com diabéticos", diz Patrícia.

12.Diabéticos podem usar sauna e fazer escalda pés

Mito: Por ser uma disfunção metabólica o diabetes altera a circulação e compromete os vasos sanguíneos, dificultando o processo de cicatrização e pode causar problemas em diversas outras funções como problemas renais e o comprometimento da visão. "Em função desta alteração circulatória, os riscos de exposição à altas temperaturas e aos choques térmicos podem agravar ou desencadear quadros de angiopatias e outros problemas cardíacos", finaliza a Patrícia. 


Bolo de abacaxi e castanha-de-caju

Ingredientes
  • 3 xícaras (chá) de abacaxi cortado em cubos
  • 1/2 xícara (chá) de adoçante dietético em pó, próprio para forno e fogão
  • 4 claras
  • 2 gemas
  • 1/4 de xícara (chá) de óleo de canola
  • 1 xícara (chá) de farinha de trigo integral
  • 1 xícara (chá) de farinha de trigo
  • 50 g de castanha-de-caju bem picadas (xerém)
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó
  • Para salpicar
  • 2 colheres (sopa) de castanha-de-caju triturada
  • 2 colheres (sopa) de leite em pó desnatado
  • 1 colher (sopa) de adoçante dietético em pó, próprio para forno e fogão
Preparo
 Coloque o abacaxi e o adoçante em uma panela e leve ao fogo por cerca de 10 minutos ou até amaciar e formar caldo. Reserve. Bata as claras em neve e reserve. Na batedeira misture as gemas e o óleo e acrescente alternadamente o abacaxi e as farinhas de trigo e integral. Retire e adicione a castanha-de-caju, as claras em neve e o fermento. Coloque em uma forma de bolo média, com furo no meio, untada com margarina e enfarinhada. Leve ao forno médio (180 ºC), preaquecido, por cerca de 40 minutos. Retire o bolo, espere esfriar e desenforme. Misture a castanha triturada, o leite em pó e o adoçante e salpique o bolo.
Rendimento: 12 porções
Informações nutricionais 
1 Porção = 1 Fatia50 g
Calorias 195
Proteínas  5,5 g
Gorduras totais 7 g
Carboidratos 27,2 g
Fibras 2,1 g
Sódio127 mg
Gorduras saturadas  0,3 g
Colesterol32 mg

Rocambole Romeu e Julieta

Ingredientes
Massa
  • 2 ovos
  • 4 claras
  • 4 colheres (sopa) de adoçante dietético em pó, próprio para forno e fogão
  • 4 colheres (sopa) de farinha de trigo
  • 1 colher (chá) de fermento em pó
Recheio
  • 200 g de ricota
  • 1/2 xícara (chá) de creme de leite light
  • 4 colheres (sopa) de adoçante dietético em pó, próprio para forno e fogão
  • 2 colheres (chá) de essência de baunilha
  • 1 xícara (chá) de geleia de goiaba diet
Preparo
Massa
Bata as claras em neve, junte as gemas e o adoçante até obter uma mistura bem fofa. Acrescente a farinha e o fermento delicadamente. Distribua a massa em uma assadeira untada com margarina e enfarinhada. Leve ao forno médio (180 ºC), preaquecido, por 15 minutos ou até assar.
Recheio
Bata no liquidificador os ingredientes, exceto a geleia. Adicione um pouco de água até formar um creme grosso.
Montagem
Espalhe o recheio sobre a massa assada. Distribua metade da geleia e enrole para formar o rocambole. Deixe na geladeira por cerca de 20 minutos antes de cortar. Enfeite com o restante da geleia e sirva.
Rendimento: 12 porções
Informações nutricionais 
1 Porção = 1 Fatia65 g
Calorias 104
Proteínas  5 g
Gorduras totais4,6 g
Carboidratos  10,8 g
Fibras 0,3 g
Sódio75 mg
Gorduras saturadas  1,4 g
Colesterol
42 mg

Manejo do diabetes mellitus no paciente idoso

É fato! A população de idosos cresce cada vez mais. Graças à maior expectativa de vida, segundo o IBGE, as pessoas com mais de 65 anos de idade devem passar de 14,9 milhões (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060. Como a prevalência de diabetes também está aumentando, a conclusão que chegamos é de que teremos mais idosos diabéticos necessitando de assistência endocrinológica. Mas será que as pessoas com mais de 65 anos devem ser tratadas igualmente aos mais jovens?
A verdade é que o paciente idoso está sujeito exatamente às mesmas complicações do diabetes que o paciente mais jovem, com uma diferença importante: o risco das complicações cardíacas e vasculares é muito maior, já que a idade é um agravante. E isto já é um bom motivo para um cuidado diferenciado! Além disso, o idoso diabético quando comparado ao não diabético, está mais sujeito a ser poli medicado, apresentar perdas funcionais (dificuldade de locomoção, por exemplo), problemas cognitivos, depressão, quedas e fraturas, incontinência urinária e dores crônicas.
Logo, o paciente idoso com diabetes carece de tratamento individualizado. Isto é, há pessoas idosas ativas e saudáveis, assim com também há pessoas fragilizadas e dependente de cuidados. Nestas últimas, em especial, os principais objetivos são tratar o diabetes e suas complicações evitando ao máximo as quedas da glicose (hipoglicemias), as quedas de pressão (hipotensão), além de cuidar as interações entre diferentes medicamentos, já que muitos pacientes precisam tomar muitos remédios. Além disso, o endocrinologista deve atentar para doenças que limitem o autocuidado do paciente, como problemas de visão e cognitivos.
No paciente idoso as hipoglicemias muitas vezes são confundidas com doenças neurológicas, como demência ou isquemias, não raro, levando o médico não familiarizado a realizar exames e lançar mão de tratamentos desnecessários. Tontura, fraqueza, delírio e confusão são sintomas comuns de hipoglicemia em idosos com diabetes. Principalmente nos que usam medicamentos que estimulam o pâncreas a secretar insulina como as sulfonilureias (glibenclamida e glimepirida) ou que usam insulina.
Outro ponto importante no manejo do diabetes no idoso é a modificação do estilo de vida. Muitas pessoas com mais de 60 anos são sedentárias. Problemas de visão, osteoarticulares, depressão, ou simplesmente insegurança, contribuem para que os idosos se movimentem menos. Logo, a atividade física orientada por profissional habilitado, acompanhada de alimentação apropriada, contribuem muito para a melhora do diabetes. Em estudos, os pacientes com mais de 60 anos melhoram bem mais do diabetes modificando o estilo de vida do que os pacientes mais jovens. Ou seja, o idoso leva vantagem no tratamento não medicamentoso.
Devido ao risco cardiovascular aumentado, o paciente idoso com diabetes deve manter ótimos os níveis de pressão arterial e de colesterol. Como mencionado anteriormente, o tratamento da hipertensão deve ser calibrado para evitar hipotensão. Tontura, como dito anteriormente, pode ser um sintoma de hipoglicemia, mas também pode ser um sintoma de pressão baixa. Para fazer a diferenciação, o paciente deve medir sua pressão e, também, sua glicose na ponta do dedo, quando apresentar sintomas suspeitos. Se os valores forem diferentes dos previamente combinados no consultório médico, deve prontamente procurar seu endocrinologista para ajustar a dose da medicação em uso. No caso do colesterol, se o LDL (colesterol ruim) estiver acima de 100 mg/dL, pode ser necessário tratamento medicamentoso com estatina. Além disso, o fumo deve ser sempre desencorajado e alguns pacientes podem se beneficiar do tratamento com AAS.
Outros cuidados fundamentais são:
- avaliação oftalmológica regular, já que o diabetes aumenta o risco de perda de visão por problemas na retina e por catarata, e quanto maior a idade, maior a chance de isto acontecer;
- avaliação da função renal como parte da prevenção da insuficiência renal crônica;
- cuidados com os pés, já que cerca de 30% dos pacientes idosos não conseguem alcançar ou verificar os pés regularmente.
Dada a complexidade do diabetes como doença e as peculiaridades do paciente idoso, todo paciente diabético com 60 anos ou mais deve ser sempre preferencialmente tratado por médico especialista treinado no manejo do diabetes e suas complicações, ou seja, com o endocrinologista.

Existe relação entre diabetes, obesidade e depressão?

A depressão é, sem dúvida alguma, um dos males do século XXI. Somente nas últimas décadas foi documentado um aumento expressivo na quantidade de pessoas acometidas por ela. Para termos uma ideia, no Brasil estima-se por pesquisas que 10% da população já apresentou algum episódio depressivo maior em um período de 1 ano.
A obesidade, por sua vez, também é considerada um dos males deste século. A projeção mais otimista indica que em 2025 cerca de 20% da população brasileira apresentará obesidade. 
Já o Diabetes não fica atrás, segundos as estimativas do Ministério da Saúde, 6,2% da população adulta brasileira é portadora da doença.
Três doenças, um elo em comum: aproximadamente 30% das pessoas que procuram tratamento para emagrecer apresentam depressão, e quem está acima do peso tem 3 vezes mais chances de desenvolver depressão ao longo da vida. Além disso, pessoas com Diabetes tem o dobro de chances de apresentaram depressão. E o ponto principal que poderia ligar estas três doenças seria o acúmulo de gordura.
As células de gordura e sua relação com todo o funcionamento do nosso organismo é um assunto que, ao ser estudado, tem nos ajudado a entender melhor porque muitas doenças podem acontecer em conjunto com outras.
O excesso de peso leva a um aumento da produção de insulina pelo nosso pâncreas. A partir daí, este excesso pode ocasionar o que chamamos de resistência insulínica, que é uma situação em que apesar do organismo ter uma quantidade maior de insulina, ela não funciona de forma adequada, como se ficasse mais fraca.
O ambiente gerado pelo ganho de peso e pela resistência insulínica leva a um estado de inflamação no organismo. Aqui, a célula de gordura quando está sobrecarregada (com muita gordura dentro dela) produz substâncias inflamatórias que causam o que chamamos de ambiente inflamatório. O desenvolvimento do Diabetes também pode ocorrer como resultado deste processo, e o que tem se demonstrado é que a depressão também.
No entanto, há ainda inúmeros mecanismos a serem eluciados. Um deles, por exemplo, é sobre o ganho de peso. Ainda não está claro se é a depressão que leva ao ganho de peso ou se acontece o contrário. Mas a questão precisa ser encarada dos dois lados. Tanto a pessoa com depressão que procura o psiquiatra deve avaliada buscando fatores de ganho de peso e risco de Diabetes como aquela pessoa que esteja em acompanhamento endocrinológico deverá ser perguntada sobre sintomas depressivos.
Sabendo disso, o mais importante é certamente a informação. Quanto mais sabemos das possibilidades, mais ficamos próximos de diagnosticar e tratar. Depressão, diabetes e obesidade são 3 doenças com tratamento e nossos esforços são para que elas sejam identificadas de forma mais precoce possível.