quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Descobri que tenho diabetes como devera ficar minha alimentação

Os comitês de estudos sobre o diabetes têm orientado que as pessoas com diabetes sigam a mesma alimentação saudável recomendada à população em geral. Muitas vezes pensamos que teremos de fazer uma dieta rigorosa, mas na verdade o que se espera é um planejamento e organização dos hábitos alimentares. Isto quer dizer que teremos que ter uma maior atenção quanto às escolhas dos alimentos e a quantidade consumida.
Tentamos resumir os primeiros passos quando nos deparamos com essa nova situação:
1 - Distribua os alimentos em 5 a 6 refeições ao dia. Não deixe de fazer o café da manhã! Se não puder fazê-lo em casa, leve um lanche reforçado para a escola ou trabalho.
2 - Nos lanches, comece sempre pelas frutas (evite sucos), mas não exagere na quantidade. Nenhum tipo de fruta é proibido!
3 - No almoço e jantar, continue a comer o tradicional arroz com feijão.
4 -A metade do prato deve ser de vegetais coloridos, principalmente os verde-escuros e amarelos. Pode ser na forma de salada crua e/ou vegetais cozidos. Evite molhos gordurosos.
5 - Escolha pequenas porções de carnes magras e faça rodízio entre as brancas, vermelhas ou ovo. Experimente também pratos vegetarianos.
6 - Evite os açúcares e alimentos açucarados. Se precisar utilize adoçante em pequena quantidade. Evite os adoçantes a base de frutose.
7- Só opte por produtos dietéticos se tiver certeza de que o mesmo atende as suas necessidades.
8 - Evite frituras e diminua o consumo de gorduras animais: carnes gordas, queijos (exceto os mais magros como, por exemplo, ricota, minas frescal, cottage), embutidos, manteiga, margarina, requeijão, creme de leite.
9 - Diminua o sal. Grande parte das pessoas com diabetes também apresentam pressão arterial elevada.
10 - Procure usar alimentos menos processados: pães integrais, aveia, arroz integral, macarrão integral, etc.
11- Evite bebida alcoólica.
12 - Tome água várias vezes ao longo do dia.
13 - Inclua como meta no seu plano de cuidado com diabetes, a consulta com um  nutricionista especialista para orientação da sua alimentação  ao longo da vida.

Como realizar a automonitorização da glicemia de forma correta

A situação do controle glicêmico no Brasil é desastrosa e altamente preocupante: 90% dos diabéticos tipo 1 e 73% dos diabéticos tipo 2 estão com o diabetes fora de controle. Uma das principais causas dessa situação é a falta de uma prática adequada de automonitorização da glicemia, o que retarda o diagnóstico do descontrole e não permite ao médico tomar decisões terapêuticas mais eficazes, exatamente pela falta de conhecimento do estado do controle glicêmico de seus pacientes.

A maioria dos pacientes simplesmente não dispõe dos monitores de glicemia e das tiras reagentes para essa prática. Dentre os que dispõem desse recurso, a grande maioria o utiliza de maneira equivocada, seja realizando os testes de forma totalmente aleatória e não frequente, seja realizando seus testes sempre à mesma hora do dia, em geral sempre em jejum. Assim procedendo, o paciente jamais poderá conhecer o real estado de seu controle glicêmico: ele poderá estar bem controlado nas glicemias de jejum, mas totalmente fora de controle nas glicemias realizadas 2 horas após cada refeição.
Outro aspecto importante é que os testes de glicemia devem ser realizados de uma forma estruturada, de tal forma a obter os valores de glicemia nos diferentes horários do dia. Não existe uma frequência previamente determinada para a realização dos testes. Tudo vai depender do nível de controle e da estabilidade dos valores de glicemia. Quando o paciente está bem fora de controle, ele deve medir sua glicemia no mínimo 6 vezes ao dia, sendo 3 testes antes das principais refeições e 3 testes realizados 2 horas após essas refeições, durante pelo menos 3 dias por semana. Os resultados devem ser comunicados semanalmente ao médico, que deverá realizar as correções necessárias na conduta terapêutica. Repetindo-se essa frequência ampliada de testes durante algumas semanas seguidas, pode-se ter uma idéia precisa de como o controle glicêmico está evoluindo no decorrer das semanas. Depois de obtido o adequado controle glicêmico, daí então a frequência de testes poderá ser reduzida para 2 a 4 testes por semana, em diferentes horários do dia. A ilustração a seguir mostra a evolução favorável dos níveis glicêmicos durante um período de observação de 5 semanas, seguindo-se as orientações mencionadas anteriormente. O paciente em questão passou de uma situação de total descontrole para uma situação de controle completo da glicemia em apenas 5 semanas. A faixa verde do gráfico corresponde à área de normalidade dos valores de glicemia (70 mg/dL a 160 mg/dL).

A International Diabetes Federation considera a automonitorização uma prática indispensável, tanto para diabetes do tipo 1 como do tipo 2, desde que obedecidas as seguintes premissas: o paciente deve estar consciente da importância do bom controle glicêmico, além de conhecer bem como a automonitorização deve ser realizada; o paciente deverá também ter um suporte educacional de longo prazo por uma equipe multidisciplinar; e os dados obtidos através da automonitorização devem servir para auxiliar o médico na avaliação e na redefinição da conduta terapêutica.
Em resumo: a automonitorização é uma prática essencial para o bom controle do diabetes, quando praticada adequadamente. Mas torna-se um recurso absolutamente inútil quando praticada de forma equivocada.