Dia 25 de maio é o Dia Internacional da Tireoide. As principais doenças da tireoide, o hipotireoidismo e o hipertireoidismo são, assim como o diabetes, muito comuns, principalmente em mulheres. Frequentemente, sintomas comuns e algumas vezes vagos são atribuídos à disfunções tireoidianas, de forma imprópria. Mas afinal de contas o que tem a ver falar de tireoide em um site sobre diabetes?
Na verdade, doenças da tireoide são até mais comuns em diabéticos do que na população em geral. Além disso, disfunções dos hormônios tireoidianos podem afetar o controle das glicemias, e vice-versa. Ou seja, diabetes e doenças da tireoide, embora diferentes, estão sim conectados de alguma forma.
Primeiramente, o hipotireoidismo. É a doença mais comum que acomete a tireoide e ocorre quando, por algum motivo, a glândula produz uma quantidade insuficiente de seus hormônios, o T3 e o T4. A principal causa é um distúrbio autoimune, conhecido como doença de Hashimoto. Sendo autoimune, é muito frequente em pessoas com diabetes tipo 1, o qual também tem origem imunológica. Até 20-30% dos pacientes com diabetes tipo 1 podem apresentar auto-anticorpos ou disfunção tireoidiana, sendo o hipotireoidismo a forma mais comum.
Já em pacientes com diabetes tipo 2, o hipotireoidismo também é mais frequente do que em não diabéticos, principalmente na sua forma mais leve, conhecida como hipotireoidismo subclínico. Por outro lado, o hipotireoidismo pode afetar o diabetes, especialmente em quadros mais avançados e quando se apresenta em idosos, por predispor a hipoglicemias, às vezes mesmo sem o uso de insulina.
Por fim, a obesidade, por aumentar os níveis da insulina e leptina, pode levar ao aumento do TSH (hormônio controlador da função da tireóide) e levar a uma falsa impressão de hipotireoidismo nos exames laboratoriais destes pacientes. Com a perda de peso, ocorre a normalização do exame e neste caso a alteração tireoidiana é consequência e não causa do ganho de peso.
Já o hipertireoidismo é mais comum naqueles com mais idade e com aumento do volume da glândula. Os de origem autoimune também são mais comuns nos portadores de diabetes tipo 1, embora menos frequente que a doença de Hashimoto. De forma reversa, o aumento de T3 e T4 no sangue de pacientes com diabetes pode levar, dentre outras manifestações, a um aumento da glicemia. Isso pode fazer com que os pacientes precisem de ajustes na dose de medicações ou insulina. Pode ainda causar elevações de glicemia nos pacientes que já apresentam risco elevado para diabetes, como por exemplo aqueles com glicemia de jejum alta.
Por fim, algumas situações especiais merecem destaque. O mau controle das glicemias, em ambos os tipos de diabetes, pode levar a uma queda nos níveis sanguíneos de T3 e T4, devido a um estado inflamatório mais exacerbado, bem como à perda de peso que comumente ocorre nos casos de diabetes descompensado. Medicamentos usados no tratamento do diabetes também podem levar a alterações nos exames usados para diagnóstico de disfunção tireoidiana. Alguns exemplos são a metformina, glitazonas e a própria insulina. Portanto, embora sejam mais frequentes que o habitual, as doenças da tireoide devem ser diagnosticadas com cautela nos pacientes com diabetes, especialmente se portadores de obesidade, controle glicêmico ruim e/ou em uso de medicações que afetem o eixo hormonal tireoidiano.
Assim, não é difícil perceber que pode ser muito ampla e variada a interação entre estas duas doenças tão comuns. De especial interesse, o diagnóstico de disfunções da tireoide pode não ser tão simples quanto em outros pacientes, especialmente naqueles portadores de diabetes tipo 2 que estão acima do peso ideal. Mas uma possível disfunção tireoidiana deve ser pesquisada em todo paciente com diabetes tipo 1, devido a frequência muito alta de coexistência das duas doenças, e em todo paciente com diabetes tipo 2 que apresente algum indício de alterações atípicas nos níveis glicêmicos ou sintomas compatíveis.
Fonte:http://www.diabetes.org.br/temas-atuais-sbd/quando-a-culpa-e-da-tireoide