Na sociedade moderna, não é surpreendente que ocorra o desenvolvimento e/ou progressão de uma grande variedade de doenças advindas do desalinhamento nos ritmos naturais (com base no dia de 24 horas) incluindo doenças inflamatórias e metabólicas.
O relógio circadiano é um mecanismo que tem como principal função sincronizar o sistema endógeno em um período de 24 horas. Os ritmos circadianos são uma característica crítica e proeminente das células, tecidos e órgãos, que auxiliam o organismo a executar suas funções com mais eficiência. Além disso, os ritmos circadianos controlam uma variedade de processos biológicos, incluindo: ciclo do sono, temperatura corporal, secreção hormonal, função intestinal, homeostase da glicose e função imunológica (1).
O ritmo biológico é regulado pelo núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado no hipotálamo. O NSQ é regulado por estímulos de células ganglionares da retina e é por este mecanismo que direciona os aspectos fisiológicos das fases clara e escura do ciclo. Os ritmos circadianos existem em quase todas as células do corpo e atuam como sincronizadores do sistema imunológico, do coração, do tecido adiposo, do pâncreas e do fígado (2).
Apenas alguns genes metabólicos são alvos diretos dos genes circadianos, esses alvos incluem muitos fatores de transcrição e alguns moduladores de transcrição e tradução. Dentre os genes controlados pelo ciclo circadiano, são incluídos fatores reguladores de lipídios, da biossíntese do colesterol, do metabolismo de carboidratos, da fosforilação oxidativa, e dos níveis de glicose (3,4).
Um dos fatores ambientais que afetam seletivamente ritmicidade circadiana no intestino e no fígado é a alimentação. Quando a alimentação ocorre em períodos incorretos, podem ser observados desalinhamentos no ciclo circadiano interno, por exemplo, a restrição da alimentação resulta em desordem entre os ritmos centrais e periféricos, incluindo os localizados no fígado (5).
Estudos recentes sugerem que o desalinhamento crônico dos ritmos circadianos está diretamente relacionado com ganho de massa, obesidade e disfunções metabólicas. De fato, segundo Arble, roedores que se alimentaram em horários inapropriados ganharam mais massa quando comparados a animais que foram submetidos a uma alimentação regular (6,7). Este fenômeno também foi observado em seres humanos que não se alimentam logo pela manhã ou que possuíram padrões alimentares trocados entre dia e noite, resultando em maior ganho de massa frente aos que consumiram alimentos em períodos apropriados (8, 9).
Neste contexto, conclui-se que há uma crescente evidência, tanto experimental quanto epidemiológica de que o desalinhamento circadiano, por condições ambientais tais como ciclo claro/escuro e alimentação, interrompe os ritmos metabólicos e leva a alterações metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
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